Quando era criança adorava andar de bicicleta. O trânsito era bem mais tranquilo e eu usava a ‘bike’ para ir a qualquer lugar. Andava pela cidade inteira, sozinho ou com os amigos, e meus pais não se preocupavam.
Minha primeira bicicleta 'de adulto' tinha sistema de freio contra-pedal, aquele que se aciona girando os pedais para trás. Trata-se de um sistema muito robusto, porém ele atua somente na roda traseira. Levei um tempo até me acostumar, tendo derrapado muitas vezes, especialmente nos pisos escorregadios e freadas mais bruscas. E algumas dessas derrapagens resultaram em quedas e consequentes arranhões, curados à base do ardido mertiolate.
Com isso aprendi que as derrapagens são perigosas. Além de aumentarem a distância de parada, muitas vezes perdemos o controle da direção. Estas duas situações aumentam o risco de acidentes.
Isso nos leva aos freios ABS. A sigla vem do termo em inglês Anti-lock Braking System, que pode ser traduzido como Sistema de Freios Anti-travamento. A ideia é que, ao evitar o travamento involuntário das rodas, permite ao motorista parar com segurança, sem perder a direção do carro. Veja este vídeo que demonstra a atuação do sistema:
Vídeo produzido pela Renault do Brasil
Como funciona
O ABS tem basicamente três componentes: um sensor de velocidade em cada roda, uma central de controle e um atuador de frenagem. Ao frear o carro, o sistema avalia se as rodas vão travar, e neste caso atua no freio em rápidos movimentos de ‘solta-e-freia-e-solta-e-freia’, fazendo com que o carro freie sem travar as rodas, e portanto sem perder o controle.
O efeito colateral é uma trepidação no pedal de freio, acompanhada de um ruído característico, decorrente da pulsação do sistema. Muitos motoristas se assustam e soltam o pedal, o que obviamente não é recomendável.
Os sistemas mais atuais, além de terem uma maior capacidade de processamento de informações, reduziram substancialmente a amplitude dessas vibrações e, de quebra, adicionaram recursos importantes:
BAS (Brake Assist System): o sistema de auxílio a frenagens de emergência detecta o acionamento repentino do pedal, aplicando força máxima aos freios, mesmo que o motorista não o faça. Algumas marcas chamam de EBA (Electronic Brake Assist); e
EBD (Electronic Brakeforce Distribution): a distribuição eletrônica de frenagem detectará quais as rodas que estão com maior aderência, variando automaticamente e sucessivamente a força de frenagem para cada uma delas, de forma a parar o veículo no menor espaço possível, sem perda do controle de trajetória.
Outro subsistema do ABS é o ESP, mais conhecido como controle eletrônico de estabilidade e tração, que apresentamos neste artigo.
Não há dúvidas de que o ABS é capaz de reduzir o número de acidentes e salvar vidas. Lançado comercialmente pela Bosch em 1978, é item obrigatório nos carros novos europeus há muitos anos, enquanto no Brasil a obrigatoriedade surgiu apenas em 2014. Isso acabou tirando de produção alguns modelos ultrapassados, como a Kombi e o antigo Uno. Só em 2019 esta obrigatoriedade se aplicará às motos.